A cultura do cacau vem ganhando destaque no estado de São Paulo, com produção já presente em 60 propriedades espalhadas por 38 municípios. O crescimento está relacionado ao desenvolvimento do Programa Cacau SP, que apoia produtores e fortalece uma cadeia produtiva promissora.
Clones adaptados ao clima paulista
Os clones de cacau CCN51, PS1319 e BN34, bem adaptados ao clima do estado, apresentam excelente potencial produtivo. Essas cultivares são parte do Programa Cacau SP, criado pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA), por meio da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), em parceria com o Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL) e a Apta Regional. O bom desenvolvimento das plantas tem atraído produtores, especialmente na região de São José do Rio Preto.
Produtor aposta na diversificação da renda
Para Diego Francisco Ferreira da Silva, produtor rural em Mendonça, o cacau surge como uma oportunidade de diversificar a renda da propriedade familiar. Em 2020, durante a pandemia, Diego intensificou seu envolvimento na agricultura da família, que até então trabalhava com silagem, pecuária leiteira e grãos. Após contato com técnicos da CATI, iniciou em 2024 um experimento com mil mudas de cacau consorciadas com bananeiras em um hectare da propriedade.
“O sistema consorciado traz renda já nos primeiros anos e agrega valor a uma cultura que tem grande potencial”, afirma Diego. Agora, o cultivo está se expandindo para mais um hectare e a expectativa é colher a primeira safra no início de 2026. A propriedade, batizada de Rancho do Cacau, já desenvolve um projeto para produção de chocolates artesanais.
Além da produção, Diego destaca o potencial turístico: “Abrimos a fazenda para o turismo rural, com o objetivo de divulgar a cultura do cacau e incentivar pesquisas e experimentos na região”.
Interesse de produtores de outras regiões
O Programa Cacau SP também tem atraído a atenção de produtores fora do estado. Joilson dos Santos de Jesus, técnico agrícola e produtor baiano, mudou-se para São Paulo em busca de conhecimento e oportunidades, destacando o potencial da região de Rio Preto.
Outro exemplo é a empresária Renata Martucci, de Jaboticabal, que antes dependia da matéria-prima de Ilhéus (BA). Após conhecer o programa, mudou seus fornecedores para produtores paulistas, reduzindo problemas logísticos e fortalecendo uma cadeia mais sustentável. Adepta do movimento Bean to Bar, Renata produz chocolates artesanais sem aditivos artificiais.
Programa Cacau SP e sua expansão
Atualmente, o cacau é cultivado em 60 propriedades distribuídas por 38 municípios paulistas, todos assistidos pelo Programa Cacau SP, conforme explica Fernando Miqueletti, diretor da CATI Rio Preto. As regionais da CATI com cultivos no estado incluem Andradina, Araçatuba, Araraquara, Avaré, Barretos, Campinas, Catanduva, Dracena, Jales, Limeira, Marília, Mogi Mirim, Piracicaba, Presidente Prudente, Registro, Ribeirão Preto, São João da Boa Vista, Rio Preto e Votuporanga.
“Esse crescimento mostra a expansão do programa e sua capilaridade pelo estado”, destaca Fernando.
Produtividade e manejo técnico
Fioravante Stucchi Neto, assistente agropecuário da CATI, esclarece que o cacau começa a produzir a partir dos três anos, com produtividade crescente até os cinco anos de idade. Em áreas experimentais, a colheita pode chegar a dois a três mil quilos por hectare, muito acima da média nacional, que é de 350 quilos por hectare. Ele também lembra que o cultivo no entorno de Rio Preto começou já em 2012, integrado ao plantio de seringueira.
Capacitação, processamento e comercialização
O trabalho de capacitação em pós-colheita e processamento das amêndoas é realizado pela CATI em parceria com o ITAL. Além da fabricação de chocolate, os produtores podem desenvolver outros produtos como farinhas, chás e achocolatados.
Fioravante ressalta ainda que os produtores têm a possibilidade de firmar parcerias com prefeituras para inserir os produtos na merenda escolar. Em Mendonça, por exemplo, os cacauicultores já atendem cerca de 50% das escolas municipais.
Para facilitar o processamento, a CATI criou em Mendonça uma unidade com equipamentos como descascador, torrador e moedor, disponível para uso dos produtores. O programa também oferece cursos gratuitos, orientação técnica e e completo para o cultivo sustentável do cacau, que pode ser plantado isoladamente ou em consórcio com outras culturas, como seringueira e banana.
Soluções para qualidade das mudas
Um desafio importante da cadeia produtiva do cacau — a qualidade das mudas — foi enfrentado pela CATI Sementes e Mudas, que mantém um viveiro em Pederneiras com capacidade para produzir 100 mil mudas por ano. São mudas de estaca, enxertia e micropropagadas, acompanhadas de formação e orientação para viveiristas em todo o estado, fortalecendo a expansão do cultivo paulista.
Com o avanço do Programa Cacau SP, o estado de São Paulo ganha um novo mercado promissor, impulsionando a agricultura familiar e a inovação rural.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio