UFGD afasta professora de medicina após denúncia de importunação sexual de estudantes

Foto: Marcos Morandi, MIdiamax

A decisão foi formalizada pela Portaria nº 370, publicada no Boletim Oficial da instituição.

A UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) anunciou, nesta quinta-feira (12), o afastamento por tempo indeterminado da professora acusada de negligência em um caso de importunação sexual contra quatro alunas do curso de Medicina. A decisão foi formalizada pela Portaria nº 370, publicada no Boletim Oficial da instituição.

O afastamento preventivo da docente é uma das medidas istrativas adotadas após as alunas relatarem que foram vítimas de importunação sexual na residência da professora, durante uma avaliação.

O suspeito é o filho da professora, que, segundo ela, possui TEA (Transtorno do Espectro Autista). As alunas alegam que a professora não agiu para impedir a abordagem. As alunas também teriam sido recebidas na casa por um idoso que estava só de cueca.

A Reitoria da UFGD destacou que o afastamento tem caráter preventivo e visa proteger os envolvidos durante a apuração dos fatos. A Corregedoria da universidade e a EA (Comissão de Prevenção e Enfrentamento ao Assédio) estão prestando apoio psicossocial às vítimas.

Além disso, a UFGD esclareceu que a aplicação de avaliações na residência de professores não faz parte dos procedimentos regimentais da instituição e que a conduta da professora será investigada.

Um PAD (Processo istrativo Disciplinar) foi instaurado para apurar as responsabilidades da servidora. O caso também é investigado pela Depac (Delegacia de pronto Atendimento Comunitário).

Entenda a denúncia

As acadêmicas do 2º semestre do curso de medicina, relataram a polícia,  que foram informadas pela professora que a prova de neuroanatomia seria aplicada em sua casa nessa segunda-feira (9).

Ao chegarem no local, um condomínio de luxo tradicional da cidade,  foram recebidas por um idoso vestindo apenas cueca. Em seguida, a professora apareceu e pediu para que entrassem.

Enquanto aguardavam o início da prova, um homem, identificado como filho da professora e com idade entre 25 e 30 anos, teria abraçado e beijado as alunas, inclusive beijando a boca de uma delas.

As alunas afirmam que a professora não impediu a ação. Uma das acadêmicas relatou ter dito que tinha namorado, mas o indivíduo continuou a assediá-las.

A professora, então, teria dito: “tira esse merda daqui” e pedido desculpas, explicando que seu filho tem TEA (Transtorno do Espectro Autista).

‘Abaladas e constrangidas’

As alunas realizaram a prova, mas relataram que se sentiram abaladas e constrangidas com a situação. Após a correção, a professora teria dito: “quem não gostou da nota pode voltar aqui em casa, estudem e voltem”.

As acadêmicas afirmam que souberam que a professora já havia sido proibida de aplicar avaliações em sua residência, mas não questionaram por medo de represálias.

O caso foi registrado na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) como importunação sexual.

Confira a nota da UFGD na íntegra:

NOTA DE ESCLARECIMENTO – DENÚNCIA DE IMPORTUNAÇÃO SEXUAL

“A Reitoria da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) vem a público manifestar seu repúdio a todas as formas de violência contra as mulheres, especialmente diante da denúncia de importunação sexual envolvendo estudantes de Medicina na noite do dia 9 de junho de 2025. 
 

A UFGD já está adotando os procedimentos de apuração e responsabilização no âmbito da Corregedoria da universidade, acompanhará o caso em contato com a Polícia Civil e prestará todo o apoio necessário para a apuração dos fatos, fornecendo as informações e documentos que forem demandados pelas autoridades competentes.
 

Internamente, a Universidade está adotando as providências cabíveis para garantir o acolhimento adequado às vítimas e assegurar que medidas disciplinares e istrativas sejam tomadas, conforme os regulamentos institucionais e a legislação vigente.
 

Reiteramos nosso compromisso com a promoção de um ambiente acadêmico seguro, respeitoso e livre de qualquer tipo de violência ou assédio. A UFGD seguirá trabalhando para fortalecer políticas de enfrentamento à violência de gênero e para promover a conscientização de toda a comunidade universitária.
 

Mais informações serão divulgadas conforme o andamento das investigações.”

Reitoria da UFGD

Fonte: Midiamax