A Stellantis está investindo fortemente no desenvolvimento de um novo motor movido exclusivamente a etanol (E100), com foco em alta eficiência e desempenho semelhante ao dos motores turbo a gasolina. O projeto, que mira alcançar até 30 km por litro, pretende posicionar o biocombustível como alternativa viável aos carros elétricos no mercado nacional.
Tecnologia Bio-Hybrid já está no mercado
A montadora já comercializa veículos equipados com a tecnologia Bio-Hybrid, como o Fiat Pulse e o Fastback. Esses modelos utilizam motores T200 com sistema híbrido leve (MHEV), que garantem ganhos de eficiência entre 10% e 11,5% quando comparados às versões convencionais.
O plano da Stellantis é avançar para motores totalmente dedicados ao etanol, com o primeiro lançamento previsto para atender frotas corporativas e governamentais em 2025, antes de chegar ao consumidor final. A empresa destinará R$ 30 bilhões à América do Sul entre 2025 e 2030, consolidando o polo de Betim (MG) como centro global de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) em biocombustíveis.
Meta ousada: alcançar 30 km/l com etanol
A marca dos 30 km/l com etanol é ambiciosa. Hoje, modelos híbridos como o Fiat Pulse alcançam cerca de 9,3 km/l na cidade, segundo dados do Inmetro. Especialistas da Stellantis veem esse número como um objetivo de longo prazo, que impulsiona o desenvolvimento de tecnologias avançadas.
Para atingir essa meta, a empresa estuda combinar motores E100 otimizados com sistemas híbridos completos (HEV) ou híbridos plug-in (PHEV), que são mais eficientes e permitem maior autonomia.
Desempenho semelhante ao turbo e inovações técnicas
O motor T200 Bio-Hybrid atual já entrega 130 cv de potência. A expectativa é que um motor E100 desenvolvido para as características do etanol possa oferecer ainda mais desempenho.
Entre as inovações necessárias estão:
- Altas taxas de compressão, possivelmente acima de 14:1, aproveitando a octanagem do etanol;
- Injeção direta de combustível em alta pressão, com estudos em parceria com a Poli-USP;
- Sistemas de pré-aquecimento do etanol, que dispensam o uso da gasolina na partida a frio;
- Turbocompressão otimizada;
- Melhoria na qualidade do etanol, como a redução do teor de água.
A evolução da hibridização também é considerada essencial, com a Stellantis apostando em versões Bio-Hybrid eDCT (híbridos completos) e Bio-Hybrid Plug-In, capazes de ampliar a eficiência e autonomia elétrica.
Etanol como alternativa viável aos veículos elétricos
A estratégia também visa posicionar o motor a etanol como concorrente direto dos veículos elétricos (VEs). De acordo com o ICCT, híbridos plug-in movidos a etanol (E100) podem emitir cerca de 30,3 gCO2e/km, enquanto híbridos convencionais ficariam em torno de 50,9 gCO2e/km. Já os VEs com bateria, usando a matriz elétrica brasileira, emitem cerca de 22,1 gCO2e/km.
No custo por quilômetro, a vantagem do etanol também se destaca. Um motor E100 que alcance 30 km/l teria um custo estimado de R$ 0,148/km (com o litro a R$ 4,45), contra valores entre R$ 0,116/km e R$ 0,188/km dos elétricos, dependendo da tarifa de energia. A ampla rede de postos de combustíveis já existente no país também favorece o etanol frente à infraestrutura de recarga ainda em expansão dos VEs.
Benefícios estratégicos para o Brasil
A aposta da Stellantis reforça a autossuficiência energética do Brasil, aproveitando a liderança nacional na produção de etanol de cana-de-açúcar. O desenvolvimento de motores avançados pode gerar empregos qualificados em engenharia e manufatura, além de posicionar o Brasil como referência global em tecnologias de biocombustíveis.
Essa iniciativa está alinhada a programas federais como o “Combustível do Futuro” e o MOVER (Mobilidade Verde e Inovação).
Previsão de chegada ao mercado
Os modelos Bio-Hybrid MHEV já estão disponíveis no Brasil. A previsão é que os primeiros veículos com motores 100% a etanol comecem a rodar em frotas públicas e corporativas no segundo semestre de 2025, com comercialização ao público em seguida.
Já as versões mais sofisticadas — como os híbridos completos e os plug-in — devem ser lançadas entre 2025 e 2030, sendo vistas como importantes pontes tecnológicas para o futuro da mobilidade no Brasil.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio