Mercado do milho segue travado no Brasil e sofre oscilação nas bolsas com influência do clima e do câmbio

O mercado de milho enfrenta um cenário de lentidão nas negociações em várias regiões do Brasil, ao mesmo tempo em que os preços futuros oscilam nas bolsas B3 e Chicago, influenciados por condições climáticas favoráveis nos Estados Unidos e pela valorização do real frente ao dólar. Confira os destaques:

Negociações travadas no Sul e Centro-Oeste

Segundo a TF Agroeconômica, o mercado de milho segue sem liquidez em diversas regiões do país. No Rio Grande do Sul, os produtores continuam segurando o cereal à espera de preços melhores, enquanto a indústria de rações enfrenta dificuldade de abastecimento. Mesmo com pequenas liberações por parte de cooperativas, a oferta voltou a cair. As indicações de compra permanecem estáveis, entre R$ 66,00 e R$ 69,00 em cidades como Santa Rosa, Marau e Montenegro.

Em Santa Catarina, apesar de uma safra recorde, o mercado está paralisado pela falta de acordo entre produtores e compradores. No Planalto Norte e Campos Novos, os preços pedidos chegam a R$ 85,00/saca, enquanto as ofertas não ultraam R$ 80,00. A colheita segue com produtividade histórica de 9.717 kg/ha e previsão de 2,4 milhões de toneladas, mas a distância nos preços impede o avanço das negociações.

No Paraná, a safrinha começou de forma lenta, com apenas 3% da área colhida. O milho disponível tem sido ofertado entre R$ 76,00 e R$ 80,00 nos Campos Gerais, mas a alta umidade atrasa os trabalhos. A estimativa de produção é de 16,15 milhões de toneladas, com potencial para novo recorde estadual. Ainda assim, o mercado segue parado, com poucos negócios efetivados.

No Mato Grosso do Sul, a comercialização também está travada. A saca é cotada entre R$ 53,00 e R$ 57,00, com oferta restrita e compradores aguardando o avanço da colheita, prevista para julho. Algumas lavouras enfrentam falhas no estande, pragas e estresse hídrico, principalmente no sul do estado. A produção, no entanto, deve alcançar 10,2 milhões de toneladas, alta de 20,6% em relação à safra anterior.

Preços futuros recuam na B3 e em Chicago nesta sexta-feira (06)

A sexta-feira começou com recuos nos preços futuros do milho na Bolsa Brasileira (B3). Por volta das 10h07, os principais contratos registravam queda:

  • Julho/25: R$ 64,04 (-0,50%)
  • Setembro/25: R$ 65,05 (-0,52%)
  • Novembro/25: R$ 68,48 (-0,68%)

No mercado internacional, os preços futuros na Bolsa de Chicago (CBOT) também operavam em baixa:

  • Julho/25: US$ 4,37 (-2,50 pontos)
  • Setembro/25: US$ 4,31 (-0,50 ponto)
  • Dezembro/25: US$ 4,47 (-1,25 ponto)
  • Março/26: US$ 4,62 (-1,50 ponto)

Segundo o site Successful Farming, o clima favorável nos Estados Unidos e na América do Sul contribuiu para a pressão negativa nos preços. Conforme o meteorologista Don Keeney, da Maxar, chuvas recentes e novas previsões de precipitação nos próximos dias estão beneficiando as lavouras americanas, o que impacta as cotações.

Milho havia registrado alta na quinta-feira (05), impulsionado por Chicago

Na véspera, o milho registrou valorização pelo terceiro dia consecutivo na B3, mesmo com a queda do dólar. Os preços seguiram a tendência de alta observada na Bolsa de Chicago, refletindo preocupações com o atraso no plantio da safra 2024 nos Estados Unidos.

  • Na B3:
    • Julho/25 fechou em R$ 64,37 (+R$ 0,37 no dia; +R$ 1,65 na semana)
    • Julho/26 encerrou a R$ 65,38 (+R$ 0,10 no dia; +R$ 1,66 na semana)
    • Setembro/25 alcançou R$ 68,95 (+R$ 0,37 no dia; +R$ 1,41 na semana)
  • Em Chicago:
    • Julho subiu para US$ 4,3950 (+0,17%)
    • Setembro avançou a US$ 4,3150 (+0,86%)

A lentidão no ritmo de plantio em regiões como Ohio pode levar produtores americanos a abandonarem o cultivo do milho, optando pela cobertura de solo. Isso fortaleceu os contratos futuros, com o vencimento de dezembro atingindo o maior patamar em mais de duas semanas.

Câmbio afeta competitividade do milho brasileiro

Apesar do cenário positivo nas bolsas, a valorização do real frente ao dólar tem reduzido a competitividade do milho brasileiro no exterior. O impacto já é percebido nos prêmios de exportação para setembro, justamente quando a safrinha estará totalmente disponível para embarque. O mercado segue atento aos desdobramentos cambiais e às condições climáticas nos EUA, fatores decisivos para o comportamento dos preços nos próximos dias.

Fonte: Portal do Agronegócio

Fonte: Portal do Agronegócio