Mapa reforça monitoramento contra praga da uva com armadilhas em pontos estratégicos

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) intensificou suas ações de prevenção contra pragas agrícolas por meio do uso de armadilhas instaladas em locais estratégicos. O foco do monitoramento é a Lobesia botrana, conhecida como traça europeia dos cachos da videira, uma praga quarentenária que não está presente no Brasil, mas representa alto risco para a produção de uvas.

Monitoramento constante no Estado de São Paulo

A cada 15 dias, auditores fiscais do Mapa visitam 15 pontos estratégicos em São Paulo para inspecionar armadilhas instaladas com o objetivo de identificar precocemente a presença da praga. Esse trabalho faz parte da rotina da Defesa Agropecuária nacional e integra o Plano Nacional de Prevenção e Vigilância da Lobesia botrana, regulamentado pela Portaria nº 33, de 29/01/2020.

Ameaça à produção e ao meio ambiente

A Lobesia botrana é uma mariposa que ataca os cachos de uva, abrindo caminho para doenças fúngicas e podendo provocar prejuízos econômicos e ambientais. A praga é comum no Mediterrâneo, além de estar presente em países como Estados Unidos, Argentina e Chile.

O Brasil, por meio do monitoramento rigoroso, comprova sua ausência e fortalece medidas legais para impedir a entrada de produtos contaminados.

Armadilhas com feromônio importado

O equipamento usado é a armadilha do tipo Delta, que utiliza feromônio sexual químico para atrair os insetos. O material é importado com autorização do Mapa pelas representações do Rio Grande do Sul e Paraná, sendo distribuído aos estados que participam do monitoramento: RS, SC, PR, SP, MG, BA e PE.

Ao se aproximar da armadilha, o inseto é atraído pelo feromônio e fica preso em uma base adesiva, sem possibilidade de fuga.

Dados do monitoramento em São Paulo

Desde 2018, o Estado de São Paulo mantém o monitoramento durante as duas safras da videira – a tradicional e a de poda verde. A quantidade de insetos suspeitos capturados é baixa, mas basta um único exemplar para ativar o sistema de alerta.

  • 2023: 286 verificações, com dois insetos suspeitos enviados para análise
  • 2022: 252 verificações, com três insetos suspeitos
  • 2025 (até o momento): 89 verificações, com quatro insetos suspeitos
Confirmação laboratorial: Brasil segue livre da praga

As amostras são encaminhadas para análise no laboratório da Embrapa Uva e Vinho, em Bento Gonçalves (RS). Segundo o pesquisador Marcos Botton, que conduz os exames, todas as amostras suspeitas analisadas em 2025 não correspondiam à Lobesia botrana.

“Recebi as quatro amostras deste ano, e nenhuma delas era Lobesia. Isso mostra que, felizmente, essa praga ainda não está presente nas videiras brasileiras”, afirmou Botton.

Regiões monitoradas e apoio do Vigiagro

A chefe do Serviço de Fiscalização de Insumos e Sanidade Vegetal de São Paulo (Sisv-SP), Carolina de Araújo Reis, explica que o número de verificações varia conforme a dinâmica da produção em cada região.

Em áreas como Jales, o monitoramento ocorre de abril a outubro, durante a safra. Já em regiões com duas safras anuais, a videira permanece no campo por cerca de dez meses, o que exige acompanhamento contínuo.

As armadilhas são instaladas em pontos de entrada de frutas, como:

  • Ceagesp (em boxes que comercializam uvas importadas)
  • Porto de Santos
  • Aeroporto Internacional de Guarulhos, com apoio da unidade Vigiagro

Também há armadilhas em propriedades com vinhedos nos municípios de São Miguel Arcanjo, Jundiaí, Espírito Santo do Pinhal, Elias Fausto, Porto Feliz, Indaiatuba, Pilar do Sul e Salto de Pirapora.

Além disso, a Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA) realiza inspeções regulares em Tupi Paulista, Palmeira d’Oeste e Jales.

O esforço coordenado entre Mapa, Embrapa e governos estaduais é fundamental para manter o Brasil livre da Lobesia botrana, garantindo a sanidade da produção vitícola nacional e evitando prejuízos ao agronegócio e à economia.

Fonte: Portal do Agronegócio

Fonte: Portal do Agronegócio